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Como ensinar às crianças a arte de se acalmar?

Crianças têm a reputação de serem irriquietas – e por uma boa razão. Não é nenhuma surpresa, então, que pais frequentemente busquem maneiras para acalmarem seus filhos.  Muitas vezes, isso significa suborná-los com lanches, brinquedos ou outros mimos (falo por experiência pessoal). Entretanto, há um método que nós geralmente ignoramos, mesmo que sua eficácia já tenha sido comprovada: a meditação. E, segundo especialistas, existem maneiras fáceis de ensiná-la às crianças.

“Em crianças, eu vejo a meditação ajudá-los a ser um pouco menos reativos e lidar melhor com o estresse em casa, na escola ou com os seus colegas” afirma Alison Pepper, assistente social e diretora do acampamento de verão do Centro de Meditação Shambhala na cidade de Nova York.
Talvez não pensemos nesta ferramenta como uma alternativa para tranquilizar as crianças porque nos parece coisa “new age” ou excêntrica demais para muitos de nós ocidentais, ainda que seja efetiva. A meditação tem sido praticada por milênios nas culturas orientais como uma forma de aprimorar a atenção. As pessoas a praticam sentando-se em silêncio no chão, observando sua respiração (inspiração, expiração, inspiração, expiração, etc.) por 30 minutos ou mais. Pesquisas mostram que a meditação ajuda a reduzir estresse, impulsividade e ansiedade em crianças, e pode até produzir alterações na estrutura cerebral que contribuem para o sucesso acadêmico. De fato, um estudo em São Francisco descobriu que a prática de meditação está associada a melhorias em notas nas provas de matemática e uma diminuição nas suspensões. Mas, deixando de lado os possíveis benefícios, se apenas a ideia de uma criança sentada imóvel por trinta minutos, prestando atenção em sua respiração como um Pequeno Buda te faz rir, não o faça ainda.

“Forçar alguém a sentar imóvel em silêncio não é o ponto, ” explica David Perrin, professor e mentor do Shambala. Como será a meditação depende de cada criança. Sejam elas cheias de energia ou mais reservadas, a chave é engajá-las de uma maneira que dialogue com seus interesses – e ajustar quando necessário.

“Crianças não precisam sentar de pernas cruzadas para praticar” diz Susan Kaiser Greenland, autora do livro The Mindful Child (que será em breve lançado em português) e co-fundadora do Inner Kids. “Elas podem praticar deitadas, de pé, sentadas em uma cadeira, e mais importante ainda, elas podem se mover.”

Que comecem os jogos

Uma maneira de ensinar meditação às crianças – mesmo sem que se perceba isso – é através do que a Susan chama de jogos de atenção plena. Esses jogos ajudam os pequenos a focarem nas experiências ao invés de pensamentos e emoções, que podem distrair ou mesmo serem demasiado intensos para a criança no momento.

Um exemplo é o jogo de desembrulhar. Ela recomenda que pais deem a seus filhos um pequeno chocolate embrulhado, como um Hershey´s Kiss, e encorajá-los a sentirem-no em suas mãos, desembrulhando-o bem lentamente, prestando atenção aos sons que o invólucro faz ao ser tirado do chocolate. Em seguida, os pais devem pedir a seus filhos que cheirem o chocolate – e pergunta-los se isso lhes deu água na boa – e então, finalmente, pedir que provem o doce. Com jogos como esse – que dificilmente tomam muito tempo – as crianças praticam a introspecção, usando suas mentes para tornarem-se familiares com seus corpos, sentidos e padrões de pensamentos e emoções.

Greenland recomenda outro jogo, particularmente útil antes das sonecas ou à noite na hora de dormir. Ela instrui os pais a colocar um bicho de pelúcia na barriga dos filhos e incentivar as crianças a “ninar” seus bichinhos com o movimento para cima e para baixo de suas barrigas provocado pela respiração.

Tal qual o exemplo do chocolate, ninar o ursinho dá à criança uma experiência sensorial, ajudando-a a atrair sua atenção para longe dos pensamentos acelerados e concentrar-se em relaxar. “Eles irão relaxando à medida que respiram suavemente e acompanham o bichinho mover para cima e para baixo,” diz Greenland.

Praticar a presença com crianças pequenas não precisa ser algo demorado ou complexo. “Comece praticando por curtos períodos de tempo, várias vezes ao longo do dia. Para crianças, isso significa um ou dois minutos,” explica Greenland.

Fazendo um teste

Como mãe de uma menina de 4 anos que, literalmente, não para quieta nunca, eu nunca considerei a meditação como um caminho para a calma. Mas fiquei intrigada; decidi então usar minha filha cheia de energia como cobaia. Após seu banho noturno, deitei-a com seu elefante de pelúcia sobre sua barriga e disse a ela que o ninasse com sua respiração. Ela me perguntou o porquê. Respondi que as respirações profundas a ajudariam quando a agitação chegasse. Depois de um ou dois minutos, seu corpo estava visivelmente relaxado e sua respiração mais profunda. Ela estava calma (uma raridade).

Perguntei como ela estava se sentindo. Ela me disse que se sentia bem. Quis saber sobre o que ela estava pensando enquanto movia o elefante para cima e para baixo.
“Nada, ” ela respondeu. “Apenas estava fazendo meu elefante dormir.”

Em dois minutos, minha agitada filha havia aprendido a arte de acalmar-se.

Tradução livre de Daniela Degani, do original:
http://vanwinkles.com/how-to-teach-your-kids-mindfulness-meditation

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